Eu brincando de escolinha no quintal da minha casa em Taubaté
Perguntaram-me assim: “Se você
pudesse voltar no tempo, em que tempo seria”?
Voltaria quando era criança, lá na cozinha de casa ao anoitecer.
Aprendi muito naquela cozinha simples, de cimento vermelho, com fogão a carvão,
um guarda-comida, um paneleiro, uma pia toda branca, uma mesa oval, feita por
papai com seis cadeiras, éramos seis.
Papai, Luiz José de Brum, tinha
uma loja de confecção própria, uma pequena loja, “Casa Trevo”, no Largo do
Mercado Municipal e quando a noitinha ele chegava de volta demais um dia de
trabalho, se sentava num banquinho e eu em outro.
Pegava seu Bandolim e ia contar
como tinha sido o “movimento” da loja naquele dia, uns dia ia bem, noutros não
tão bem, mas vivíamos com dignidade, na simplicidade e felizes.
Enquanto ele contava seu dia, dedilhava alguma canção naquele velho e bom Bandolim, eu ficava de olho nas mãos dele
e em seu olhar ternos que sempre tinha.
Eu adorava as estórias de papai,
depois que ele contava, perguntava a mamãe como tinha sido o dia dela e mamãe, toda
feliz dizia assim: “Ah meu velho, hoje fiz cinco camisas brancas de colarinho,
estão prontas e passadas, amanhã é só levar para a loja, cuidei da nossa
menina, da nossa casa e dos meninos, que já não são tão meninos assim e seu
pai, João Brum, me ajudou brincando com nossa menina.
Tudo mamãe, Bernardina Brum,
conhecida como dona Filhinha, contava com muita alegria.
Mamãe era uma grande costureira,
ajudava o papai nas costuras da loja, ficava toda feliz por isso, eles eram
muito felizes e se amavam muito, eram almas gêmeas.
Depois vovô contava também as
coisas que tinha feito, meus irmãos também e chegava minha vez de falar, eu
toda faceira contava que tinha comido muita goiaba, sentada no galho da
goiabeira, rsrsrsr.
E papai perguntava: “Leu algum
livrinho de estória”?
Eu corria até a sala e pegava o
livro e já começava a contar a estória, eu ainda não sabia ler, eu lia através
das figuras e contava para todos.
Bons tempos àqueles que vivos
estão em minha memória.
Adoraria voltar naquele tempo e
ouvir tocar seu bandolim e contar as velhas estórias e sentir aquele cheiro de
novo da janta que mamãe fazia com tanto amor e sentir também o cheiro que cada
um de nós tinha naquela época.
Saudades gostosas de sentir.
É nesse tempo que gostaria de voltar, mas volto sempre no tempo e revivo estes
momentos em meu coração.
Um abraço cheio de saudades, Maria Teresa de Brum Benedito
Maria Teresa, lindo, todos nós temos saudades de nossa infância, felizmente podemos sempre voltar a tê-la porque vive em nossos corações.
ResponderExcluirUm Iluminado fim de semana.
Beijinhos de Luz!
AnaMaria
Bonito texto.
ResponderExcluirQue bom ter tão boas recordações da infância.
Um abraço e bom fim de semana